2006-09-27

quase-mãe

olhem...

eu não pretendo ser mãe de um cero maninho nem tão cedo, mas sou louca por crianças. incluindo nesta categoria o meu pequeno ser canino, joseph johannes-brannes-brannes (originalmente joe, mas totalmente esquizoideado uma vez convivendo comigo, thiago e leo, que o chamamos por um novo nome a cada dia).

dentro da função quase-materna, existe uma rotina a ser seguida, para garantir o bem estar do menino cão. esta envolvendo duas descidas por dia e suas respectivas mijadas, cagadas (seguidas do cívil recolhimento do tolête), umas corridas pra lá e pra cá e a subida objetivando a alimentação animal.

o que merece um parágrafo à parte: joe parece um cachorro, mas no fundo é um peixe. se tiver comida disponível e ao alcance, nem se preocupe que ele vai comer tudo, absolutamente tudo. morre pela boca o tal do peichorro. cebola crua, azeitona com caroço, limão, tomate, kiwi, ovo cru - com casca... o que quer que caia no chão da cozinha esteja eu cozinhando (ou não) em questão de segundos o joespirador deglute.

o que nos traz ao acontecido de hoje: quando eu fui dar a ele o usual biscoito pós-ração, a pessoa me sai correndo desembestada e enlouquecida em direção ao dito cujo e no processo tem uma unha arrancada pela raiz ao tropeçar na grade do cercadinho dele próprio.

pense numa correria do meu próprio ser quase-mãe. sangue pra todo lado, o bichinho patinando e eu naquela preocupação só. aí lá me vou eu limpar, antiseptizar, pomada pra cima, fazer curativo, (limpar a casa inteira de novo também, que tinha sido dia de faxina e estava agora o chão parecendo um espelho de xarope de cereja) e, finalmente, levar ao veterinário.

outra dor no peito, rapaz. se bem que eu fiquei muito orgulhosa de mim mesma porque o meu curativo foi efusivamente elogiado. mas lá se vai ter que tirar, mexer... ouvir o filho gritando que só a gota serena de dor... pense numa quase-mãe com o coração do tamanho de uma ervilha.

o que me leva a pensar em quando os cero maninhos que nos tornam mães e pais de verdade levam aquela queda que precisa de 4 pontos no queixo, quebram o braço, danam o cabeção no chão e chegam com a cara vermelha de sangue sem saber porque tá quente na testa... é muito amor, viu? é amor pra querer tar você no lugar daquela pessôya aguentando mil vezes mais dor só pra não ter que ver aquele sofrimento todo.

chegando à conclusão de que eu acho massa ser cero mano. tenho certeza que vou achar foderoso ser mãe (apesar de ter certeza que vou ser uma mãe bem maloqueira). e amo demais ser irmã, amiga, filha, namorada e tudo mais que a minha cero manidade me permite dentro das relações humanas. isso porque eu admiro pra cacete o surgimento desses sentimentos que demonstram que a humanidade é capaz de amar de verdade, de ser altruísta, de se preocupar com outro. e não necessariamente precisando esse outro ser quase-filho ou filho, ou pai ou mãe. é simplesmente um outro cero. é saber que se o sentimento surge, e se surge de mim, surge do outro cero mano e o mundo tem salvação.

hehehe

segue o meu menino debilitado.


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